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Foto do escritorHellen Albuquerque

Quando eu acostumo, tudo muda

Acordava, religiosamente, às seis horas da manhã. Para quem não acorda a esse horário todos os dias, seis horas é absurdamente cedo, para quem acorda, também. Mas é algo que se acostuma. Não tem muito barulho na rua, nem Sol no céu. O ônibus às vezes lota, outras não. Isso também já é familiar. Logo cedo toma uma xícara de café, que é um hábito e uma necessidade. Costume. De tão adaptável que é o ser humano, nos acostumarmos com algo é quase sintomático. Quando o cabelo se ajeitou nos cachos desproporcionais, aprendeu que não podia passar pente. Desembaraçar com as mãos, entendido. Processo que se repete todos os dias. Mas aí, fica calor. Queria prender rabo de cavalo e já não pode. Se acostuma com a quentura no pescoço? Ontem a temperatura estava alta, usei saia, hoje está mais frio e minha saia mais longa. O costume de usar saia permanece, independente da estação. E embora eu esteja acomodada com seu uso, com o tempo não me conformo. De manhã passei frio, mesmo com o casaco de precaução. À tarde carrego as blusas nas mãos durante o Sol do meio dia, para depois vestir uma delas dentro do escritório. No trajeto de caminhada para casa tiro mais uma vez. Depois coloco pijamas, esfriou, moletom. Me visto e desvisto em todas as horas do dia – bom seria caso existisse algum teor erótico nisso. Não há. É uma questão de nascença, no Brasil em período de aquecimento global. Também corpórea, sou adaptável, mas sinto ou muito frio ou muito calor. Principalmente geográfica, estamos em Curitiba. E o tempo de daqui é para lembrar que não temos controle (quase) nenhum sobre a vida. Mas sempre podemos nos adaptar – seja de casaquinho, amarrando o cabelo ou aprendendo a dançar na chuva.

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