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Parei de usar sutiã e moldei a mim mesma

  • Foto do escritor: Hellen Albuquerque
    Hellen Albuquerque
  • 7 de jul. de 2015
  • 3 min de leitura

Foto destacada do ensaio boudoir feito pela Vanessa Leal.

Lembro de quando criança desejar o dia em que finalmente ganharia o primeiro sutiã. Na minha cabeça, era uma como uma assinatura de clube secreto que apenas algumas sortudas poderiam participar.

Aos 9 ou 10 anos, chegou o grande momento, ganhei de uma tia uma peƧa branca e delicada. Honestamente, nĆ£o havia muito o que segurar ali – ainda nĆ£o hĆ” – mas a alegria de finalmente ter minha passagem garantida para o clubinho era imensa.

Foi de Mary Jacobs, lÔ pelos anos de 1910, a invenção dessa peça íntima. A socialite não conseguia encaixar seu espartilho de barbatana no vestido que iria a um baile, então com a ajuda de sua empregada uniu lenços a uma fita cor de rosa e cordão.

A criação foi patenteada pela Warner Bros e atĆ© o fim da Primeira Guerra Mundial jĆ” apertava o busto feminino AmĆ©rica a fora. Sua função mudou – e muito – no decorrer das dĆ©cadas, nos anos 1920, compunham o estilo ā€œgarƧonneā€ achatando o busto, para alcanƧar um aspecto andrógino. Nos anos seguintes as curvas voltam a ganhar fama, e assim os bojos e as estruturas de metal comeƧam a fazer parte da composição. Durante os anos 1950, o nylon permite peƧas mais sedutoras que assim conquistam as estrelas de Hollywood.

Entende onde quero chegar? O sutiã é uma reminiscência dos espartilhos, e assim como eles, tem o dever de moldar o corpo. Nossas cinturas estão livres, mas pobres dos nossos seios! De arames, bojos, alças de todas as larguras se fazem esses redutos.

Passado o frescor da novidade com meu primeiro sutiĆ£ comecei a notar que nem tudo era feito de renda. Chegada uma hora do dia meus ombros estavam cansados das alƧas, que insistiam em aparecer quando nĆ£o deveriam – puxa daqui, cai dali. Notei que precisava coordenar sutiĆ£ Ć  roupa, ou apareceriam bolinhas e florzinhas pela camiseta branca. Marcavam meus vestidos, marcavam minha pele com suas costuras, e sendo sincera, me enchiam o saco.

Ouvi falar de uma campanha chamada Free The Nipple tempos atrÔs, a ideia era a desmitificar os mamilos femininos, sempre tão polêmicos.


Uma foto publicada por Gweelos (@willowsmithfan) em Jan 24, 2015 Ć s 11:30 PST


Willow Smith, a filha descolada do Will Smith, questionando: ā€œQuando o corpo feminino comeƧou a ser algo para se esconder?ā€

A campanha pedia por top less como liberdade. Gostei da ideia. Mas não sejamos radicais, pequenos passos primeiro. Resolvi experimentar me libertar do que estava prendendo: o sutiã. Foi um dia sem usar. Daí outro. E outro. Uma semana. Agora são dois anos e que alívio!

Eu tenho alguns, bem enfeitados, no fundo da gaveta. EstĆ£o reservados Ć s blusas transparentes que merecem um adorno ou pra ocasiƵes quando uma peƧa a mais só aumenta o mistĆ©rio – afinal, temos vĆ”rias primeiras noites. Mas entendi que nĆ£o Ć© uma necessidade diĆ”ria. Eu nĆ£o preciso me moldar a coisa nenhuma, oras! NĆ£o preciso puxar pra cima, apontar pra frente, fazer volume.

Deixei o sutiĆ£ de lado e comecei a moldar minha visĆ£o sobre o meu corpo e sobre o mundo. O que quero dizer Ć©: sutiĆ£s podem ser divertidos, coloridos, rendados, sensuais – ainda mais quando Ć© outra pessoa o desabotoando para vocĆŖ – no entanto, nĆ£o precisam apertar vocĆŖ o tempo todo. Deixa para as primeiras noites!

Mas Hellen, não vai cair tudo?

Vai não, menina. Um estudo conduzido durante 15 anos pelo francês Jean-Denis Rouillon revela que usar sutiã não previne e pode ainda aumentar a queda dos seios. Entre as mulheres acompanhadas o mamilo volta a subir a uma média de sete milímetros por ano quando não se usa sutiã, essas registraram também peitos mais firmes. Não hÔ nenhuma evidência de que a peça íntima previne problemas na coluna, os pesquisadores acreditam que os sutiãs atrapalham a formação de tecido mamÔrio. Nosso organismo é inteligente e sabe se sustentar sozinho. Confie no seu corpo.

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