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Foto do escritorHellen Albuquerque

Você pode e deve ser feliz sozinha + resenha de Begin Again

Se tem uma coisa que gosto em filmes é quando a personagem principal é mulher. Mas veja bem, não vale quando ela está se preparando pra casar, nem quando ela está se recuperando de uma morte prematura do marido. Gosto quando ela está ou fica sozinha.

Explico.

Grande parte do cinema, e do tempo das nossas vidas, parece ser dedicado a busca por um par romântico. Na inconstância do tinder, nas conversas de bar, no tempo no salão de beleza.

Agora pouco assisti Begin Again (Mesmo Se Nada Der Certo, 2013), a história é simples e se a gente não viveu tem uma amiga que sim. Keira Knightley é Gretta, uma moça talentosa mas sem grandes sonhos de fama, desde a faculdade namora Dave Kohl (Adam Levine), com quem passou os últimos cinco anos compondo, amando e aquela coisa toda.

Adam barbudo alguém me explica


Dave tem uma música lançada em um filme e começa a fazer sucesso, os dois então se mudam para Nova York. Ninguém explica como Gretta vive em uma das cidades mais caras do mundo, já que ela não trabalha, mas isso não vem ao caso.

A namorada fofa segue o namorado para o sucesso. Mas as coisas viram.

Logo quando Dave tem um gosto do estrelato, decide explorar outras bocas – uuu! Gretta, abandonada, vai morar com um amigo já que ela mesma não tem casa…

A essa altura eu estava: bem feito, filha, vai ficar seguindo homem por aí.

Mas calma.

Cantando em um bar ela é “descoberta” por um produtor falido, Dan Mulligan (Mark Ruffalo), e estando os dois em fins de relacionamentos e sem muito rumo acabam virando amigos e ele oferece sua ajuda para produzir um disco de Gretta.

As músicas são cult-indie-fofinhas e vale assistir só por elas!


Cuidado com os spoilers agora, mas juro que o filme vai ser legal mesmo assim.

Minha primeira impressão é de que os dois viveriam outro romance, não viveram, pontos pro roteiro que não caiu no óbvio.

No desenrolar da história, Gretta tem a opção de reiniciar a relação que tinha com Dave. Mas termina o filme de forma delicada e ainda assim surpreendente: escolhe estar só e desafia também o mercado da música, recusando um contrato em uma grande gravadora para vender seu disco online.

Vitória!


Agora vamos conversar.

Em grande parte dos filmes as personagens femininas acabam sendo meros apetrechos. A Mary Jane que o Homem Aranha precisa salvar, a musa inspiradora, a mocinha que ajuda a passar pelas dificuldades e ter uma epifania criativa.

Todos nós sabemos do teste de Bechdel – a regra é clara: duas mulheres que conversem entre si sem ser sobre um homem. Por incrível que parece a maioria das obras de ficção não são aprovadas.

Poucas vezes somos incentivadas ou inspiradas a ser felizes sem companheiros, no cinema ou qualquer outro lugar/momento.

Das perguntas familiares no almoço de domingo aos finais felizes do cinema, nossa existência só pode ser completa se houver um outro alguém na jogada.

Rihanna, solteira há mais de seis anos depois de seu relacionamento com Cris Brown, vive dando bafão por não estar procurando ninguém. E digo bafão porque não é a resposta que estamos acostumados a ouvir.

MA-RA-VI-LHO-SA


Só pensamos que alguém seguiu em frente depois de um relacionamento quando essa pessoa já está enfiada em outro. Eu não posso estar resolvida sozinha?

Em uma sessão de coach fui perguntada sobre minha vida emocional, tenho bons amigos, um bom relacionamento com a minha mãe, uma vida social agradável. Não tenho namorado.

E você está feliz assim?

Aham! Pra caramba.

São quase dois anos que a única presença constante é a minha. Tive tempo para surtar com minha faculdade, terminar um tcc, me engajar em outras áreas da minha carreira, aprender um bocado de coisa, crescer.

E eu dividi isso com várias pessoas. Amigos, conhecidos, colegas de trabalho.

Tiveram transas ocasionais. Tiveram umas até que recorrentes. Mas o melhor de tudo é a sensação de que nada falta. Eu estou bem assim. Se as coisas mudarem. Tudo bem, nos adaptamos. Se elas permanecerem como estão, tudo bem também.

E como diria Gloria Steim: uma mulher sem um homem é como um peixe sem bicicleta.

Convenhamos, um peixe de bicicleta seria divertidíssimo. Mas peixes nadam felizes sem as rodas.

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