Sócrates era defensor das ideias. Acreditava que o diálogo, com argumentação, levaria a novas descobertas e, consequentemente, novas ideias. A arte dessa conversa iluminadora é nomeada dialética.
Desde que o mundo é mundo, gostamos de separar e etiquetar pessoas, da mesma forma que hoje fazemos com nossas compras no mercado. Nossos critérios são variados, mas sempre tem o mesmo objetivo: enquadrar o diferente no que conhecemos.
Exercitando as ideias que estão na minha cabeça e as partilhando com a dialética, entrei em uma discussão esta semana sobre conservadorismo. Que é, basicamente, uma busca constante para evitar mudanças. De todo tipo. Seja através de programas sociais que possam melhorar a qualidade de vida de certas pessoas, seja pelos protestos que questionam o atual sistema político, sejam nossos impostos sempre abusivos ou a roupa que a sua vizinha usa.
Para manter as coisas como estão, é preciso saber… bem, como elas são, certo? Assim, os conservadores pegam suas etiquetas e saem distribuindo por aí, deixando esse trabalho muito mais prático. Programas sociais? Isso é só um jeito de sustentar gente preguiçosa, afinal, no nosso sistema só é pobre quem quer. Protestante? Tudo baderneiro! Minha vizinha com aquela minissaia? Uma depravada – quem ainda usa essa palavra?! – quer ficar ostentando o corpo por aí, depois que é estuprada não sabe porque.
Enquanto isso, a vizinha dança em indiferença.
Muito mais fácil é, enquadrar o mundo nesses pequenos rótulos conservadores. É seguro, pois é o que conhecemos, o que estamos acostumados. Todo mundo tem um pouquinho de medo da mudança. Essa repressão psicológica, ou como dizia Freud e o funk brasileiro: o recalque, nada mais é que ter medo de si mesmo, não apenas da mudança em si. Será que o conservador, com suas saias longas de bolinhas, não gostaria de estar de minissaia? Talvez, o que lhe falta é a coragem de se aceitar como é. E depois ganhar uma etiqueta dos seus colegas conservadores.
Se liberte. Tenha suas próprias ideias. Use minissaia.
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