A maior festa popular brasileira já esquenta as cuícas do país. Enquanto o instrumento apelidado como rugido de leão chegou ao Brasil nas mãos dos escravos africanos, o Carnaval tem o tom colonizador dos portugueses. O importante, é não perder o ritmo. Desde a tradicional “Oh, Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, quem mais roda nos desfiles são as baianas, aqui em ritmo de samba.
Antes de ser ala, Baiana é indumentária.
O nome condiz com o traje específico das negras da Bahia, e surgiu durante o período colonial. Também chamado de traje de crioula, a roupa da baiana vem dos escravos e suas misturas étnicas. O conjunto era formado por saia e blusa, característicos das negras que trabalhavam tendo uma vida ativa na cidade, diferente das senhoras burguesas que usavam vestidos e se restringiam às suas casas. Esse visual deu às escravas o apelido de “mulher de saia”, se tornando um símbolo.
É das ruas da Bahia, dos terreiros de umbanda e candomblé que surge o traje da baiana. A vestimenta típica forma-se de saia rodada, bata solta, o Pano da Costa – um xale colocado sobre os ombros que ganhou esse nome por ter origem na Costa do Marfin –, chinelas ou sapatos de salto baixo. Os turbantes, também nomeados como ojás, são marca da descendência dos negros da parte muçulmana da África, as tiras de tecido enrolados na cabeça eram exigência para as mulheres, que precisavam cobrir os cabelos. Já dentro das casas de candomblé, o turbante é usado pelas Ialorixás, sacerdotisas e chefes, e demonstram sua hierarquia e importância em tal cultura.
E o que não pode faltar? Os balangandãs! Balangandã é o ornamento ou amuleto, de vários formatos como fruta, figa, medalha, dente de animal, pendente de argola, broche ou pulseira de prata. Eram criados pelos primeiros artesãos negros do Brasil, e tem seu papel nas festividades religiosas. O nome é uma onomatopeia, reproduzindo o som que os objetos pendurados em uma argola emitem quando movimentados. As vestes das baianas ganharam o imaginário nacional quando diversas cantoras de cassinos inspiraram-se e levaram aos palcos a composição típica. Carmen Miranda se vestiria de baiana em 1938, ao estrelar “Banana da Terra”. A criação de suas roupas seguia as recomendações da música de Dorival Caymmi:
O que é que a baiana tem?
Tem torço de seda, tem!
Tem brincos de ouro, tem!
Corrente de ouro, tem!
Tem pano-da-costa, tem!Tem bata rendada, tem!
Pulseira de ouro, tem!Tem saia engomada, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Tem graça como ninguém
Como ela requebra bem!
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