Na astrologia tem uma coisa chamada Retorno de Saturno, que acontece a cada 29 anos em nosso mapa natal. Esse é o tempo que o planeta leva para dar uma volta completa em torno do Sol. O primeiro ciclo é bem durante nossa virada para os 30 anos – como se esse marco já não parecesse traumático o suficiente.
Saturno é o limite. O último planeta que vemos a olho nu.
Assim, com sua presença, percebemos nossas próprias limitações. Somos chamados a crescer. Nessa época o que precisa mudar, muda. Tem gente que casa, descasa, tem filhos, adota cachorro, muda de país, e muitas vezes – muitas mesmo – muda de carreira.
Mudar de emprego deixou de ser loucura faz tempo. Já não passamos décadas aprendendo e aperfeiçoando um ofício. Na mesma agilidade que nossos stories desaparecem e reaparecem na web, também faz nossa mente. Aflita pelo novo.
Este novo nem sempre nos é tão claro. Parece perdido ou distante. Tal como parece Saturno.
Para não ficar à deriva nesse universo de cenários, buscar ajuda profissional é um mapa do tesouro. “Um processo de Coaching poderá ser valioso em momentos nos quais as pessoas se sentem estagnadas, querem mudar seus rumos ou mesmo quando possuem um projeto e querem colocá-lo em prática, mas não estão seguros”, me explica Mariana Galesi, que é psicóloga e coach.
Dá pra curtir essas mudanças na serenidade
Essencial diferenciar o que é crise do que é carreira. O processo de Coaching tem como foco nossa vida profissional, estabelecendo objetivos a serem cumpridos em um determinado espaço de tempo. Enquanto a psicoterapia vai a níveis mais profundos: “desde a supressão de determinados sintomas emocionais ou dificuldades adaptativas a processos de autoconhecimento”, completa Mariana.
A insatisfação é o principal sintoma, indicando que algo não vai bem.
Durante o primeiro contato com o Coaching, a demanda será avaliada, para saber se este é o caminho ou pela psicoterapia. “Porém, virtualmente qualquer carreira pode ser impulsionada e aprimorada. Não é necessário sentir-se mal para buscar excelência”, diz Mariana.
Mariana buscou para além de sua formação como psicóloga, a especialização em coaching. Ampliando seu repertório. “O que mais me cativou foi oferecer um serviço voltado para o aperfeiçoamento de qualquer área, fora do espectro de saúde mental, e mesmo assim promover transformações intensas na vida das pessoas”, diz.
Como Funciona o Coaching
Seu coach precisa garantir resultados, aí que está a magia. “A ideia é que o cliente está em um ponto A, desejando determinado resultado, o ponto B”, explica Mariana. Exatamente por isso, o objetivo deve ser específico, mensurável, atingível, relevante e ter um prazo determinado.
“Com esses critérios em mente, o coach e o coachee irão formular uma frase que sintetize o ponto B e todo o processo será focado nisso”, completa.
Além do objetivo propriamente dito, o coachee levará de seu processo uma melhoria de foco, ferramentas para manejo e gestão de suas questões, reestruturações em suas crenças, clareza de valores e ideais. Existem outras áreas além da profissional em que este formato pode ser aplicado, por isso surgiram diferentes modalidades como o coaching de vendas, esportivo ou financeiro.
Mariana explica que nosso gênero ainda passa por um fenômeno chamado de Teto de Vidro: “são barreiras invisíveis que criam obstáculos difíceis de serem transpostos”.
O mecanismo está arraigado na nossa cultura. Muitas vezes essas barreiras são interpretadas como escolhas livres. “O exemplo mais clássico é a carreira da mulher que estagna ou reduz a curva de crescimento com a maternidade”, aponta.
Um censo de 2010 do IBGE, diz que em média as mulheres recebem 30% menos que os homens no país. O Brasil, aliás, está em 124º lugar, entre 142 países, no ranking de igualdade de salários.
O relatório do Fórum Econômico Mundial, afirma que a igualdade de gêneros só será possível em 2095. A disparidade, se tratando de participação econômica e oportunidades para as mulheres, gira em torno de 60%. No mundo inteiro, as mulheres têm menos de 25% de representação política em relação à alcançada pelos homens e 59% de participação econômica.
Isso tudo gera um enorme desgaste, acabamos por desistir ou nos contentamos em ser coadjuvantes, porque a posição de liderança acaba sendo custosa demais.
“No mais, temos os já infelizmente bem conhecidos pontos de desigualdade: salários menores, atribuições sexistas – ao estilo: subiu na carreira porque dormiu com o chefe – ter passado uma vida sem estímulo a competição, escolaridade prejudicada por cargas de atividades domésticas já a partir da infância…”
O que fazer se você está insatisfeita com sua carreira
Perceber o problema é sempre o primeiro passo para sua solução. Mariana dá algumas dicas para que você tome controle e busque mudanças.
♦ Avalie a carreira que dispõe no momento;
♦ Depois, o cenário onde está inserida (necessidade financeira, dívidas, formação, aptidões, demandas atuais de mercado, rede de apoio, networking e etc);
♦ Liste as coisas que realmente importam para você. Essa lista deve ser curta, com no máximo cinco itens;
♦ É importante se ter clareza de qual ponto está gerando essa insatisfação: é o trabalho em si? A remuneração? A relação com a chefia?
Cada caso é único e deve ser avaliado dentro de suas especificidades. Sabemos que muitas vezes a vida não permite grandes guinadas, mas, com planejamento e foco, é possível promover melhoras significativas.
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