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Foto do escritorHellen Albuquerque

Como posso colocar o consumo consciente na prática?

A vida real e nossas utopias se encontram em conflito mais vezes que times adversários de futebol. Enquanto estudo sustentabilidade, indústria, consumo e moda, me sinto impelida a mudar meus hábitos, mas isso, nem sempre é fácil. Conversando com a amiga – e cliente do Indumentária – Karla Giacomet, buscamos pensar em nosso dia a dia e como podemos praticar o tão falado consumo consciente.

Karla é consultora de imagem, e uma das poucas que realmente se preocupa em mostrar aos seus clientes que comprar algo nem sempre é essencial. Ela alerta constantemente para a busca de um estilo pessoal, invés de compras desenfreadas.

“Falar sobre moda sustentável é um paradigma, porque a indústria é a segunda mais poluente no mundo”, comenta Karla. Mesmo que tenha muitas facetas, a mais lucrativa da moda é como indústria. Uma indústria que gera muitos empregos, mas também afeta diretamente o meio ambiente. Seja no tingimento de tecidos, no plantio do algodão que inutiliza o solo ou mesmo na exploração humana. Embora todo mundo adore um bom paetê, a realidade não é feita de confetes.

Como consumidores, estamos na base dessa indústria. Somos nós e nossos cartões de créditos que fazemos a roda continuar girando. Se é assim, podemos decidir seu ritmo, e é sobre o que conversaremos hoje. Nem precisa de parcelamentos. Tudo em uma vez, sem juros!

Tudo começa com conexão

“Enquanto consumidores podemos ter mais responsabilidade em nos conectar melhor”, diz Karla. Isso começa conhecendo mais sobre os produtos que estamos dispostos a consumir, compreendendo se seguem os padrões de uma moda ética. Ela continua: “Como por exemplo, se é vegano, usa mão de obra justa, se faz filantropia, se utiliza fibras mais sustentáveis ou materiais reciclados. Ao contrário do que a gente imagina, existem fibras sintéticas menos poluentes que o algodão”.

Conhecer a marca é como conhecer a história de um pintor ao apreciar sua obra. Nos faz ter uma experiência mais completa e nos torna parte daquele universo. Colocar cada coisa em seu contexto é uma decisão de pensar e tomar responsabilidade sobre nossos atos. Muito evoluído, certo? Quase Dalai Lama das modas.

Consumo consciente: blusa do brechó Fermín Cacarecos, calça de confecção própria, sapatos de produtor independente


Seja mais local

Conhecer quem você está comprando é um grande passo para novas formas de economia. Apoia o ciclo local e desenvolvimento de produtores independentes, além de incentivar a criatividade. “Algo produzido localmente, por causa da questão logística, acaba poluindo menos”, completa Karla, que é fã de peças feitas no brasil ou regionais.

Comprar de pequenos produtores também nos garante uma fiscalização dos processos de produção. É muito mais fácil perguntar a um vendedor proveniente da agricultura familiar sobre como ele conserva suas maçãs, do que para grandes redes de plantio. As peças de slow fashion também prezam por um design atemporal, com materiais de alta qualidade e bom acabamento. Desta forma, a roupa se torna acrônica.

Qual o tamanho da sua necessidade?

Antes de sair de casa para um dia de compras, a dica da Karla é saber quais são as peças que realmente fazem falta. “Tire tudo pra fora do guarda roupas pelo menos a cada troca de estação. Assim podemos lembrar o que temos e saber o que realmente se precisamos”, ensina.

“Se sentir falta de algo, vá anotando. Não chegue para comprar tudo o que você vê quando estiver em promoção, porque você vai acabar não usando”, complementa. E também analisar a forma como consumimos. “O que é melhor, você comprar cinco peças que respeitam o conceito de produção ou comprar apenas uma que talvez tenha algumas falhas?”, questiona.

Trocando em miúdos, não adianta apenas buscar marcas que repeitam os conceitos sustentáveis. É preciso também atentar às quantidades das nossas compras. Não precisamos de dez camisetas brancas, que cumprem a mesma função no nosso guarda roupas.

Consumo consciente: conheça seu estilo e as cores que te favorecem


Outros espaços de consumo

Encontrar outros centros de compras movimenta nossa vida, estilo e ajuda no cuidado ao consumo. “Uma boa opção são os brechós e bazares. Além de ter boa qualidade nas peças, muitas vezes são filantrópicos”, sugere a consultora.

Aqui, somos defensores ferrenhos dos brechós. Esses lugares renovam o ciclo de vida de uma peça que antes seria descartada. O montante de tecidos que são jogados ao léu é desconcertante, causando mais uma forma de poluição, já que são muitos anos para se decompor. Por isso, reaproveitar aquilo que já foi produzido é uma atitude prudente.

Faça valer o seu tempo

Tão essencial quanto a boa escolha das peças é a sua conservação. Tomar os cuidados necessários na lavagem e ao guardar as roupas faz com que elas durem mais e assim, cumpram sua função de forma completa. Siga as instruções de lavagem, guarda cada peça em um cabide e mantenha os olhos atentos ao espaço dedicado para esses investimentos. Se como Carrie Bradshaw você gosta do seu dinheiro onde possa ver, bem no seu guarda roupas, então faça com que ele valha o seu tempo!

Conhece-te a ti mesmo

Como nos orientam os melhores psicólogos e aforismos gregos, saber quem somos é parte da nossa tarefa individual. “É importante conhecer o seu estilo e sua cartela de cores. Porque quando você respeita seu estilo e suas cores, o armário fica muito mais coordenável. Tudo combina com tudo, e isso causa o efeito multiplicador”, explica Karla.

Saber o que nos favorece e comunica nossa essência, nos dá olhar crítico às nossas roupas. Compreendemos melhor nossa mensagem e como transmiti-la. Como consequência, precisamos de menos roupas e sabemos como usá-las.

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