Moda é cultura e identidade. Seja na cor dos cabelos ou nos tecidos, as roupas traduzem quem as usa, contando sua história e crenças. Existem inúmeros exemplos através da história de como é feita essa representatividade. Aqui, quinze mulheres que usaram essa segunda pele como instrumento de trabalho, matéria prima, protesto e expressão.
Cindy é fotógrafa e diretora de cinema. A norte-americana é conhecida por seus auto-retratos conceituais, em que trata sobre questões como a representação das mulheres na sociedade, a mídia e a natureza da criação de arte.
Ela brinca com a visão estereotipada do sexo feminino e o papel do artista. Através dos figurinos cria personagens com os arquétipos da mulher, de dona de casa a prostituta, professora ou dançarina. Sua série chamada Untitled Film Stills, perturbou muita gente pela honestidade tão descarada em que ela usa sua arte e se expressa esteticamente.
A pintora mexicana tinha a própria imagem como sua principal fonte de inspiração. Não é para menos! Frida colhia flores de seu jardim para colocar nos cabelos, seus brincos gigantescos eram marca registrada. Sendo que Picasso criou um par em formato de mãos para ela como presente. Seus xales tradicionais, expressavam o tradicionalismo de sua cultura, além de seu apoio aos trabalhadores do país.
As roupas que usava eram um posicionamento político e artístico. Os vestidos longos escondiam as sequelas do acidente que sofreu na adolescência, junto dos corpetes, que eram eram coletes ortopédicos. Mais uma vez, nas estampas ela conta sobre sua história de vida. Em 2012, a Vogue México colocou em sua capa Frida Kahlo, quase 60 anos após sua morte, ela estampava pela primeira vez a capa de uma revista de moda.
A modelo russa que adotou o brasil como sua casa, já desfilou para Zuzu Angel e Clodovil. Suas roupas eram criações suas, confeccionadas e bordadas em casa, com a ajuda de uma costureira.
Dizia que a inspiração vinha da cultura africana antiga, bem como da Rússia e do Egito. Nos anos 1960 era símbolo da juventude transgressora, sendo até cassada pelo governo militar. Já apanhou em Ipanema por causa de seu visual, falava abertamente sobre seu aborto, foi rainha de associação de prostitutas no Rio, não tinha medo de falar sobre o que acreditava. Elke se comunicava através do estilo único e extravagante: “Minha roupa é alma, é expressão”.
Aqui, nada melhor que ler citações da própria: “De alguma forma, as fantasias, essas criações são porque eu não quero enfrentar a realidade do que as pessoas querem de uma popstar. Todos sempre dão risadas porque eu me sinto tão confortável com, por exemplo, uma gigante bolsa de papel no meu corpo e com meu rosto pintado”. E mais: “Apenas quero minha liberdade e criatividade. Rejeito a ideia de tirar todas as roupas e maquiagem para me sentir autêntica. Se não defendermos o que acreditamos e não lutarmos pelos nossos direitos, logo teremos tantos direitos quando a carne que cobre nossos ossos. Eu não sou um pedaço de carne”.
A artista usou sua esquizofrenia como fonte para criações coloridas e repetitivas. Segundo conta, sempre foi atormentada por visões distorcidas, que a faziam enxergar bolas e pontos. “Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originária das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormentam em esculturas e pinturas”, disse em uma entrevista.
Na política, apoiava uma campanha contra a guerra do Vietnã e é ativista LGBTT. Em suas roupas, transmite todas essas questões. Em parceria com a Louis Vuitton, Yayoi Kusama lançou a linha “Infinitely Kusama”, que inclui roupas, bolsas, sapatos e acessórios com a icônica estampa de bolinhas. Quando vivia em Nova York, nos anos 1960, inaugurou a Kusama Fashion Company, que vendia os seus vestidos e tecidos com a estampa.
Iris Apfel estudou artes, trabalhando em diversos lugares, como o “Womens Wear Daily”. Sempre em contato com a criatividade, realizou projetos de design importantes, até mesmo para a Casa Branca. Por anos manteve uma empresa têxtil com o falecido marido. Sempre foi ligada a moda, ganhando mais destaque os 50 anos por seu estilo peculiar, incentivando outras mulheres a buscarem seus próprios gostos. Participou de projetos como ” Best dressed over 50’s” pelo The Guardian e teve sua vida registrada no documentário homônimo do diretor Albert Maysles.
“No geral, as pessoas, quando chegam a uma certa idade, param de usar roupas ou maquiagens que gostam porque acreditam que não combinam mais. Mas eu segui me vestindo e me maquiando como sempre fiz”, já declarou Iris. Em 2004, o museu Metropolitan, de Nova York, realizou uma exposição com o vasto acervo de Iris, que se tornou o Costume Institute, área do MET destinada à moda.
Maria Antonieta prestava muito mais atenção à moda do que as rainhas anteriores. Além de seguir os códigos tradicionais de vestimenta da corte, procurava guiar os novos rumos que a moda iria tomar. Uma forma de se apossar do poder real, influenciando a sociedade. Maria Antonieta expressava suas opiniões e pensamentos com suas roupas, quando foi condenada à guilhotina, a Rainha da França vestiu-se de branco. Um protesto, retratando sua consciência tranquila e inocência mesmo tendo sido injustiçada.
A cantora islandesa inova tanto na música como na moda. O vestido de cisne que ela apareceu no Oscar é uma marca quase histórica. Teve muita influência da estética do punk. Já colaborou com designers como Viktor and Rolf, Alexander McQueen e Iris Van Herpe. Björk sempre busca novas maneiras de se expressar através da música e da arte. Muitas das peças de vestuário que ela usou em seu clips e shows foram expostos no MOMA de Nova York.
A pintora brasileira que fez parte da Semana de 22, tinha um estilo atemporal retratado em seus auto-retratos. Era amiga íntima do designer Paul Poiret, colecionando mobiliário e joias. Em suas cartas com poeta Oswald de Andrade, falavam sobre seu visual para o personagem de Tarsila, ele a incentivada a vestir criações que revelassem um pouco de seu olhar e sua personalidade
Os cabelos coloridos da integrante dos Novos Bahianos foram novidade nos anos 1970 e 1980 no Brasil. Suas madeixas representam fases da vida: “A alegria da gravidez com a satisfação do sucesso profissional”. Com os cabelos azuis, acreditava ter uma imagem de personalidade quase séria. Por último, Baby pintou os fios de violeta, cor que ela diz ter sido um aviso divino: “Ouvi que devia ser assim”.
Gabrielle “Coco” Chanel revolucionou a moda feminina nos anos 1920, libertando a mulher dos trajes rígidos do final do século XIX, representando quem ela mesma era: independente, bem-sucedida, com personalidade. A francesa introduziu uma forma confortável de se vestir, incorporando peças comumente masculinas às suas criações.
Nascida em Londres, foi O Rosto de 66” pela Daily Express. Apareceu na capa das revistas Vogue e The Tatler. Precursora do estilo 60’s, é um ícone fashion reverenciado até hoje. A maquiagem é umas das marcas registradas de Twiggy. O estilo, também conhecido como MOD, fica nos olhos. Nos cílios, bastante máscara preta para dar volume. De cabelos curtíssimos, com uma silhueta quase andrógena, seu estilo pessoal foi perpetuado por uma marca própria e as diversas referências a sua imagem.
Vocalista da banda The Gossip, Beth Ditto, fez uma coleção plus size em parceria com o estilista Jean Paul Gaultier. Ditto é ativista plus size, já tendo recusado a ir às lojas Topshop por não existirem roupas no seu tamanho. Busca constantemente a inclusão de mais tamanhos nas marcas: “Isso é sobre respeitar e ser incluído e ser levado a sério, ao invés de ser marginalizado, humilhado, degradado e tratado com uma pessoa de segunda classe”.
A atriz e ativista, eternizou o vestido preto tubinho usado no filme Bonequinha de Luxo. Amiga e musa do estilista francês Hubert de Givenchy, seus personagens tinham como grande ferramenta o figurino. Em “Cinderela em Paris” ou “Sabrina”, as mudanças de trajes marcam as transições narrativas, na trajetória do filme. Ainda em “My Fair Lady”, em que uma vendedora de flores transforma-se em uma educada dama, seu figurino tem importância significativa. As simbologias são propagadas até hoje, Audrey se tornou um marco no desenvolvimento da alta costura, e é considerada uma das mais belas mulheres do século XX.
Em constante parceria com grifes, a cantora caribenha evolui sua música junto de seu estilo. Usa a moda como ferramenta para cada mensagem em suas fases musicais. Desde 2015, Rihanna é a embaixadora e a diretora criativa da Puma, também assina uma linha de roupas e calçados chamada Fenty. Já foi estrela da Dior. Em 2016, desenvolveu uma coleção chamada Denim Desserts, com o espanhol Manolo Blahnik. Também já se envolveu na Armani, com criação de camisetas, jeans e underwear.
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