
Antologias Poéticas
Fui publicada em seis coleções de poesia
Escrevo poesia em três idiomas: português, inglês e espanhol. Meus poemas em português foram publicados em seis diferentes coletâneas. Entre elas, a maior coletânea de poetas do mundo: "1001 Poetas". Minhas temáticas perpassam a formação de identidade como mulher cis, a natureza como plataforma de exploração da existência, a busca por sentido e pertencimento através da exploração do eu, entre outros assuntos.
Uma ilha com seu nome [MAPEAM 2023]
Teria sangrado e rasgado a pele
Feito sacrifícios em meia lua
Teria roubado e mentido crédito
Se soubesse que seria sua
Teria secado os sete mares
Feito do sol uma noite escura
Teria pedido que me amasse
Como fazem santos em escritura
Teria armado revoluções
Vestido vermelho em ditadura
Convencionado abduções
pra que nalgum planeta
tu me possua
Teria morrido de morte matada
E voltado viva três dias depois
Não há milagre que se compare
Ao gosto que tem nós dois
Yemanjá [EDITORA PERSONA]
Te convido em canto, minha filha
Soprando e uivando teus ouvidos
Põe o pé na minha casa
Que na onda eu te salvo
Te seguro em maré cheia
Para a lua apreciar
Faz da minha
A tua estrela
Cê sabe onde
Me encontrar
Estou Bem [POESIA LIVRE 2022 https://www.poesialivre.com.br/new_page_8.htm | VIVARA EDITORIA NACIONAL]
“Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2022”
não me pergunte se estou bem
pergunte se continuo viva
correndo com dores e esticando as risadas até as costas estralarem
existo, continuo resistindo a vontade de sumir
de me entregar à terra e virar lama
ando sobre a grama
lembrando que já foi poeira
mas não pergunte se estou bem
que nunca sei
sei que estou e continuo num estado constante de estar
de existir
bem
já não sei
Eu não quero ser sua musa [1001 POETAS - 2022]
Já me escreveram cartas e bilhetes e poesias
Músicas, boas e ruins, mais ruins do que boas
Me encaixaram em rimas de um ritmo tosco
E em escritos de livros que nunca foram publicados
Dei nome a uma personagem de um curta
E a um filme de cinema
Estive numa peça de teatro que ninguém assistiu
Em outros dramas mil
Desenharam e fotografaram meu rosto
Sempre em linhas tortas
Ou luzes estouradas
Mas eu não quero ser sua musa
Sou sim, quem bebe gin tônica improvisada
Sentada na calçada
E discute filosofia ou física quântica olhando o eclipse
Quem viaja com desconhecidos
Sobe trilhas de rio pra cacheiras e dorme na mata
Coincidentemente, numa outra noite de eclipse
Também danço de olhos fechados a
Qualquer banda que tenha um bom baterista
E tomo banhos de chuva em silêncio
Mas não quero ser sua musa
Transo alto, com gritos e gemidos
Chupo mangas e o que mais tiver gosto bom
Cozinho como mãe, e como mãe também dou broncas
Costuro ou rasgo roupas se me dá vontade
Cheiro a café e tempo fértil
Mas nunca quis ser sua musa
Tenho um rosto muito quadrado
E cabelos bagunçados pelo vento
Não tenho pente
Nem paciência
Bati portas, punhetas, carteiras
Em lugares públicos
Mas não pra te fazer lembrar ou
Esquecer de mim
Se vivi tudo isso,
e ainda vivo
É pra ser mais minha
Nunca sua
Nem musa
Cair de Amores [MAPEAM 2022]
quantas vezes caí de amores
pela simples ideia do amor
existir
me apaixonei pelos traços de quem eu seria
e pelo resgate que o outro faria
de mim
encontraria uma coragem antes escondida
nas entranhas e feridas
guardadas aqui
então lembrava
aquele que cai também se levanta
chão para os pés buscava
silêncio para a garganta
por isso, todas as vezes que caí de amores
despertei lúcida, olhos arregalados pela verdade
de que tudo que amei
era eu
ou a ideia que tinha sobre mim
ou a ideia do que eu poderia ser
se eu amasse
eu mesma
a mim
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